domingo

Por que hoje é dia de alegria.

Um cerveja antes do almoço

É muito bom, pra ficar pensando melhor




Nação Zumbi

segunda-feira

Le Petit Prince

Já tínhamos andado horas em silêncio quando a noite caiu e as estrelas começaram a brilhar. Eu as via como em sonho, porque tinha um pouco de febre, por causa da sede. As palavras do principezinho dançavam-me na memória:

- Tu tens sede também? perguntei-lhe.

Mas não respondeu à minha pergunta. Disse apenas:

- A água pode ser boa para o coração...

Não compreendi sua resposta e calei-me... Eu bem sabia que não adiantava interrogá-lo.

Ele estava cansado. Sentou-se. Sentei-me junto dele. E, após um silêncio, disse ainda:

- As estrelas são belas por causa de uma flor que não se vê...

Eu respondi "é mesmo" e fitei, sem falar, a ondulação da areia enluarada.

- O deserto é belo, acrescentou...

E era verdade. Eu sempre amei o deserto. A gente se senta numa duna de areia. Não se vê nada. Não se escuta nada. E no entanto, no silêncio, alguma coisa irradia...

O que torna belo o deserto, disse o principezinho, é que ele esconde um poço nalgum lugar.

Fiquei surpreso por compreender de súbito essa misteriosa irradiação da areia. Quando eu era pequeno, habitava uma casa antiga, e diziam as lendas que ali fora enterrado um tesouro. Ninguém, é claro, o conseguira descobrir, nem talvez mesmo o procurou. Mas ele encantava a casa toda. Minha casa escondia um tesouro no fundo do coração...