sábado

Gabriela cravo e canela

"As portas fecharam. Agora podiam mais calmamente relembrar o dia, os anseios ou simplesmente deitar e domir. Ela não fazia apenas isso. Sentava na cama e escrevia algo, como de costume.
Naquela noite estava angustiada. Inquieta. As palavras escorriam para o papel numa voracidade incomum. Algo a perturbava.
Havia tido poucos, raros namorados. Seu pai não gostava que saísse muito e também, não simpatizava com aqueles rapazes mais, digamos, ardentes. Sim, pois eram os seus preferidos.
Nos dezenove anos em que vivera, pouco entendia sobre traição e mesmo com tão fouco assim traíra Carlos, seu último e secreto namorado.
O relógio da sala batia a décima badalada e antes que ela pudesse terminar o parágrafo Carlos apareceu sorridente na janela. Fechou o caderno, apagou a luz e acendeu o que ainda restava daquela vela que já havia presenciado horas e horas de beijos e carícias.
Gabriela não conseguiu conter-se. Ainda hesitou mas ergueu-se disposta a assumir sua traição. Trêmula, abraçou Carlos. A porta do quarto se abriu. Era seu pai que havia ido fechar as janelas, pois aquela noite fresca de maio prometia agora, uma tempestade."

Texto pra disciplina de Redação

Nenhum comentário: