Sou apaixonada por ela desde o segundo ano da faculdade. Faltava o ar quando ela passava por perto, havia de segurar no braço do amigo mais próximo pra tentar não cair mais da cadeira que estava. Era o sorriso mais lindo, o andar mais seguro e o 'olá' mais musical que me era dado. Meu coração acelerava, mãos tremiam - e só não falo do rosto avermelhado porquê de uns tempos pra cá tenho ficado envergonhada por tudo.
Nosso contato não havia passado disso: poucas palavras e meu olhar desajeitado, que quando ela percebia eu tratava de disfarçar.
Como todo amante logo arrumei uma desculpa pra trazê-la pra perto de mim. Tinha que ajudar uma amiga com umas pendências amorosas e lidar com homens nunca foi meu campo de estudo, como sabemos. Então resolvi unir o shoyu ao sushi. Ela era o sonho de muitos marmanjos que conheço/vou conhecer e lidava com isso melhor do que eu com o copo de cerveja.
Não deu outra, nossa amiga engatou o namoro! E eu ... ah, eu achava a coisa mais linda do mundo ela toda preocupada com o andamento do casal. Se tava dando tudo certo, se eles tinham se visto, etc ... e sim, nos víamos todo dia. E mais um dia, e mais um ...
Como se o resto de tudo desaparecesse e só o nosso mundo fosse realmente interessante. Quando a falta de tempo não ajudava e nossos horários se tornavam impossíveis, a saudade era tanta quanto os dias que teimavam em demorar.
Perdi a conta de quanto tempo passava pensando no que cozinharíamos quando ela viesse novamente. Amor é isso, é abrir portas e janelas pra entrar, e mesmo quando não desejamos a saída, mantê-las abertas. Cativar é dar motivo pra voltar.
Nossos dias são bons, nem muito frios e nem muito quentes; são aconchegantes.
Discutimos música, mas ela escolhe a playlist; discutimos culinária, mas eu escolho o cardápio.
Paixão é aconchego, é completude.
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