domingo

Prece





Talvez se eu começar a me desculpar agora, as desculpas possam parecer mais sinceras. Me pedes opiniões. Dou. O que posso, dou. Deito e tento me enganar, penso que no outro dia será diferente. Se nem aos amigos mais próximos consigo enganar, quanto mais a mim. Basto-me. Conta das angústias, dos medos e das certezas. Perco palavras e acho - meio que por um acaso pré-definido - só aquelas que posso te dizer sem magoar.


Sem assustar.


Faço-te tantas orações naquelas palavras. Rogo pra que depois não choremos por nós, leites derramados. Pra que não sejamos ausentes um do outro e nem metades perdidas. Que sejamos inteiros e completos, ainda assim juntos. Entrelaçados. Inteiros que passam e se lêem. É gente que tem besteira de nada em comum e que dá um jeito de se encaixar minimamente em peculiaridades. Quando tá junto nem sabe de si. Sabe só dos dois. De dois. Mas não te preocupes e nem me procures que isso passa. Amor é como esse fumo que me queima a garganta agora.


Dá e passa.


A gente puxa, queima e solta. Não me desejes como fumaça, me desejes como escudo.

Nenhum comentário: