terça-feira

descrita: PINTO, Talita


As vezes a vontade da gente vai diferente. Já não queremos mais a cama daquele lado, a torrada com aquele queijo, trepar daquele jeito ou a cerveja trincando os dentes. 
Tem dia que queremos mudar o mundo; acabar com a fome na África, dar um chute no cu dos EUA, blablabla. Outros dias está tudo bem ficar enterrado na cama ou na beirada de si mesmo remoendo qualquer última certeza de pensamento, só lembrando do final do filme ou a noite.

Acho que é mais ou menos assim que te vejo.
Ombros largos, riso grande, peito forte. 

Creio que não há nenhuma designação única praquela aguinha parada na poça da rua, é simplesmente água. 
Ninguém liga até afortunadamente meter o pé sem querer e gritar uns caralhos. 
Por pura falta de experiência um ou outro se afogam naquela poça maior, a piscina. Repito: por pura falta de experiência, por que ela continua lá sendo apenas água e estando irritantemente parada.

Por isso o mar me encanta. Devora o que lhe apetece e devolve quem de nada serve. 
Acho que é mais ou menos assim que você é. Um pouco só água, mas na maioria das vezes mar. 
Mar de engolir naus e seus capitães; de guardar segredos e sereias. 

Gosto de você assim, sendo quase sempre mar. Sendo mulher inteiramente cíclica, sem insinuação rasteira ou palavra de metade. Que corre atrás de si e, como o mar, volta sempre às costas já visitadas - naufragando ou não em braços de outro mar.

Nenhum comentário: